No passado dia 21, o Primeiro-ministro, Durão Barroso, deu posse à Coordenadora Nacional para a Política da Família, Margarida Gonçalves Neto, médica psiquiatra e terapeuta familiar. A sua escolha mereceu do Presidente Episcopal da Família os maiores elogios. Margarida Neto é casada e tem dois filhos. Assume esta tarefa como um desafio que caracterizou assim: "Trabalharei a pensar em objectivos, critérios, ideias e utopias, mas atenta ao mundo em que vivemos, com a preocupação da realidade e do dia a dia, onde tanto da vida se constrói. Estou aqui hoje, porque acredito que é na família que se realiza a pessoa e é com as famílias que se desenvolve a sociedade e o país." Deixou claro o que pensa sobre a instituição familiar: "Família - rede de relações fortes e íntimas, núcleo de pertença, de aliança, de filiação e fraternidade que toca a nossa afectividade mais profunda a relação com a nossa origem, o nosso crescimento, onde se cruza o passado e o futuro. (...) É nela que nascemos, é nela que crescemos, é nela que habitamos e nos habita, é nela que nos tornamos homens e mulheres. Está tão entranhada dentro de nós que quando recordamos a nossa história pessoal e invocamos as nossas memórias não é a nós que chegamos, mas à nossa família. Família - comunidade natural anterior ao Estado que atravessa a história em contextos sociais, económicos e culturais tão diversos, e chega até nós com uma extraordinária resistência e capacidade de adaptação. As circunstâncias que rodeiam a família são sempre diferentes no decorrer dos tempos. A sua sobrevivência, apesar de tantas mudanças e adversidades, é a prova da sua força e da sua razão de ser. Correspondendo às mais profundas expectativas do coração e da razão do homem, a família está na génese da humanidade, na base da construção da sociedade, e na fonte da sua continuidade."
Definiu assim a sua missão: "A Coordenação para os assuntos de família tudo fará para dignificar e promover a família em sintonia com a orientação do Governo que pretende destacar o papel essencial da família como espaço privilegiado de realização da pessoa e da solidariedade entre gerações. O papel desta Coordenação será o de assegurar o carácter transversal e integrado das diferentes políticas sectoriais de incidência familiar. Procurar-se-á (...) elaborar um plano nacional de apoio à família que dê consistência, transversalidade e orientação às acções que se querem desenvolver. E destas destacaria:
- O apoio à defesa da vida, à protecção da maternidade e da paternidade, à infância;
- O papel insubstituível dos pais na educação dos filhos;
- A ajuda a famílias em situações de dificuldade;
- A formação parental;
- O aconselhamento familiar e a mediação;
- Uma justiça fiscal eficaz e clara na defesa da família;
- A promoção da conciliação entre a vida familiar e a vida profissional;
- O reconhecimento do enorme trabalho social das famílias e em particular das famílias
numerosas;
- O estudo das razões e das medidas para travar a grave descida da taxa de natalidade;
- A inclusão do idoso;
- A promoção da informação relativa a direitos, deveres e ajudas sociais.
Margarida Neto, ao assumir este trabalho tão importante, não esqueceu a sua própria família: "Termino com uma palavra de agradecimento à minha própria família: À de origem, que me fez existir e onde a vivência entre pais e irmãos tanto de mim determinou. À que construí e aqui está presente. Terão uma mãe e uma mulher eventualmente mais cansada, mais ocupada, mais ausente. Sabem as razões porque aceitei este trabalho e sabem que são no meu coração os meus colaboradores mais directos. Lembrar-me-ei da solidariedade do meu marido, do apoio e ajuda do meu filho Tiago e do dedo indicador da minha filha Madalena que sentindo-se desde já ameaçada me recorda várias vezes: "Mãe... na família ninguém é deixado para trás..."